17 de jun. de 2010

História do Rock: Ninfas, Trovadores e Foguetes

As ninfas que ensinaram aos seres humanos a verdade dos deuses, semideuses e heróis, através de poesia, música, dança, canto lírico, coral e teatro, sempre acompanhadas por sons, eram chamadas de musas; daí a origem da palavra música, na língua grega, que vem da arte de ensinar. Ensinar, aprender, propagar, divulgar, divertir, alardear, confundir, anarquizar, iluminar, informar, questionar... esses sempre foram os objetivos principais da música através dos tempos e principalmente do rock'nroll.
Digamos que, depois de uns tempos, essas, ou outras ninfas mais modernas, confundiriam a cabeças de muito roqueiros, e daí surgiriam grandes clássicos do rock e até grandes discos no meio de gigantescas confusões amorosas, caso, por exemplo, do ótimo "Rumours", do Fletwood Mac. Um dos LPs mais vendidos da história, Rumours, foi confeccionado em meio a crises conjugais entre os dois casais da banda, o que prova que, sem as ninfas,o rock'n'roll não teria metade de seu glamour, seja na história pessoal dos roqueiros, seja na plateia – as famosas " tietes" que moveram 90% das presepadas dos pop stars !!
Como imaginar John sem Yoko, Sid sem Nancy, Kurt sem Courtney e Tina sem Ike? A roda de casais no rock também foi motivo de prosa e verso, e os unicórnios, sejam masculinos ou femininos, por várias vezes passaram de meras lendas mitológicas a realidade. Ou seja, de cavalo a burro.
Até o século 15 ou 16, a atividade musical era exclusivamente de utilidade pública: acompanhar cultos religiosos, encorarajar soldados com hinos de guerra, ninar crianças, proporcionar música ambiente nas cortes, lazer em danças e outras atividades socioartísticas e, principalmente, de comunicação. Essa forma de música comunicativa foi especialmente importante para entender grande parte da história do Rock: eram os violeiros, os repentistas, os rappers.....ops........nãoooooooooo...esperem....desculpem, isso é mais pra cá....eram....OS TROVADORES E OS MENESTRÉIS !!!!
Afinal, o que o bardo Chatotorix e Allan, o trovador, teriam em comum, além de frequentarem as páginas romanceadas de personagens e heróis europeus, como Asterix e Robin Hood? Funcionava mais ou menos assim: os trovadores eram os autores, e os menestréis, os intérpretes – diferentemente de Bob Dylan, que batia córner e cabeceava. Viela, Rabeca, Alaúde, Flautas, Cornetas, ou Harpa, foram instrumentos usados pelos trovadores e menestréis que ajudaram a propagar as informações através dos campos e dos tempos, seja para ajudar em batalhas, levando mensagens em forma codificada e satírica, seja para entreter os guerreiros cansados e suas esposas carentes de sexo, drogas e diversão .... e digo mais: a meu ver, os bardos inventariam, lá atrás, a primeira forma de som de fogueira, antes de nos depararmos com os sons de Beto Guedes, Toquinho, Pink Floyd, Milton Nascimento e Led Zeppellin ( particularmente em Stairway to Heaven, a música mais "executada" das noites quentes de verão e inverno).
O que foi todo o tempo muito bem retratado pelos bardos Celtas, por exemplo, foi a sua visão do cotidiano, sempre muito perspicaz e crítica. Seja falando da sua aldeia, do seu condado ou do reino, esse tipo de som simples, eficaz e fácil de transportar, permitiu turnês sensacionais na Idade Média, quando apenas um cara era capaz de fazer uma confusão danada. É claro que chegaremos mais na frente a falar de Cat Stevens, Johny Cash, Joan Baez, John Denver, Leonard Cohen, Neil Young, Paul Simon, do já citado Bob Dylan, e aqui por nossos campos feudais, Renato Russo, Raul Seixas, Juca Chaves, e até do próprio Oswaldo Montenegro, um senhor menestrel.
Em diversas canções dos Beatles, por exemplo, encontramos traços de tão longínqua caminhada. Canções como Penny Lane e Strawberry Fields Forever sofreram influências dos trovadores, ao usar bem os versos como retrato do cotidiano, assim como em Rocky Racoon encontramos traços dos "trovadores- cowboys" do velho oeste americano, os quais, com seus revólveres em formato de discos,  "invadiriam" a Inglaterra pelo porto de Liverpool.
Sim, Chatotorix ainda continua chato, às vezes o violão (ou lira) na mão pode ser uma arma, mas se ele tivesse composto Hurricane , Blowin' in the wind, Father and Son, Faroeste Caboclo ou Gita, garanto que não seria colocado em cima de sua casa na árvore, amarrado e amordaçado, enquanto os outros bárbaros se fartavam em banquetes deliciosos e mundanos, sem ao menos uma musiquinha de fundo pra contar a verdadeira historia do rock daquela época.
Na verdade, a história que vamos contar por aqui, até chegarmos especificamente aos anos 50,  é uma narrativa "efeito borboleta" - citando a teoria de que , quando uma borboleta bate as asas lá no Japão, o mundo inteiro é afetado de alguma forma. O rock'n'roll não teria tantas histórias e vertentes diferentes, se não existissem as ninfas , os trovadores e a vontade de transmitir mensagens pelo mundo, seja montado em cavalos, aviões, caravelas ou unicórnios, dependendo do comportamento das ninfas, é claro . Afinal, nessa corrida de revezamento, o Rock chegou à Lua a bordo de um foguete, na forma de "Satisfaction", dos Rolling Stones.

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